No cotidiano da rotina do meu consultório, uma das queixas mais frequentes é a queda de cabelos. A calvície no homem é tolerada para alguns, porém, em outros, e especialmente nas mulheres é muito preocupante quando ocorre além dos limites aceitáveis, o que confere aos cabelos importante função psicológica. Assim, a alopecia apresenta-se como uma perturbação importante, visto que pode levar a uma série de problemas quanto à aceitação pessoal e social, devendo ser vista não apenas como um problema cosmético, mas também como um problema médico.
Isso resulta em aumento no interesse pela busca de alguma solução para cada caso. O ciclo do pelo consiste na fase evolutiva (catágena) e na fase terminal (Telógena) e sua substituição por um pelo novo, jovem (anágena). No couro cabeludo adulto, a fase anágena, fase de crescimento ativo, dura pelo menos 3 anos, a catágena, a fase de regressão, dura cerca de 3 semanas e a telógena, o período de repouso, dura cerca de 3 meses. Em um momento qualquer, aproximadamente 84% já estão em fase anágena, 2% em catágena e 14% em telógena. Do ponto de vista funcional, os pelos servem para proteger as áreas orifíciais, narinas, conduto auditivos, olhos e no couro cabeludo, como proteção aos raios ultravioletas, nas áreas intertriginosas, reduzem o atrito e, por fim, pela sua abundante inervação, fazem parte do aparelho sensorial cutâneo.
Passarei a comentar os casos mais frequentes, vistos em consultório:
Alopecia Areata (Pelada) – É uma afecção frequente de distribuição universal, afetando ambos os sexos, a causa não é totalmente esclarecida. Destacam-se fatores genéticos, autoimunes e estresse emocional. A possibilidade de ação reflexa por focos infecciosos dentários ou sinusais nunca foi comprovada e, também, a participação endócrina. Os fatores emocionais podem atuar como agente desencadeantes ou agravantes, o que também pode ser observado após trauma físicos. Encontra-se também a associação da alopecia areata com a atopia urticária e doenças autoimunes como lúpus eritematoso, vitiligo e tireoidopatias O quadro clínico caracteriza-se por perda brusca e completa de pelos em uma ou mais áreas do couro cabeludo, podendo afetar outras regiões (barba, supercílio, púbis, etc.) sem sinais inflamatórios e de atrofia da pele, originando placas circulares, com pele lisa de 1 cm a 5cm de diâmetro.
Eflúvio Telogênico – consiste em queda exagerada de cabelos, ocorrendo 2-4 meses após um estímulo, que faz com que ocorra um desiquilíbrio no ciclo folicular, no qual os pelos, na fase anágena, passam precocemente para a fase catágena e telógena. Podendo cair mais de 600 fios de cabelos por dia (normalmente são 100 fios/dia) Causas: Pós-parto, febre, emagrecimento, deficiência proteica de ferro, zinco, estados tensionais prolongados, doenças sistêmicas, radiação solar, dermatite de contato do couro cabeludo, tração do cabelo.
Alopecia Androgenética – É uma condição genética comum de queda de cabelos, produzida pela ação de hormônios masculinos circulantes em indivíduos geneticamente predispostos, começa a ocorrer por influência hormonal, uma gradual e progressiva miniaturização dos folículos terminais em determinadas áreas do couro cabeludo. Essa condição começa no início da vida adulta, com perda e afinamento progressivo dos cabelos. Na mulher, apresenta um padrão difuso, no qual normalmente a linha de implantação é poupada e o alto do couro cabeludo é mais atingido. No homem, costuma provocar um recesso bi temporal anterior e médio que pode atingir o vértex. Trata-se de uma afecção relativamente comum, afetando cerca de 50% da população masculina acima dos 50 anos e 50% da população feminina acima dos 60 anos. É multifatorial, pois envolve fatores de ordem genética e hormonal. A característica essencial da Alopecia Androgénetica (AAG), consiste no afinamento lento e gradual dos cabelos nas regiões acometidas. O início do processo pode se dar em qualquer idade após a puberdade, tornando- -se evidente no homem a partir dos 17 anos e na mulher a partir dos 25 a 30 anos. São vários os aspectos das quedas de cabelos, assim sendo, nos propomos a continuar estendendo-se neste assunto, na próxima edição.